Não, ele não me completa. Me transborda. Como maré ao fim do dia, eu
invado a praia, subo, me encho, faço barulho quando ele vem. Eu sempre
fui completa, sempre me fiz feliz, mas ele… ele me inunda. Faz meu peito
parecer pequeno para tanta alegria. Faz com que o antigo eu pareça
muito pequeno perto do que é hoje. Se antes eu já era completa, agora me
sobra amor para dar e vender. Porque o ser humano é um todo, feito
milimetricamente do tamanho que tem que ser e a metade da laranja, na
verdade, não é metade. É o açúcar que vai no suco, é o tempero que dá um
gosto a mais. Depois de encontrada, não nos faz um único ser feito de
dois corpos, mas nos faz seres melhores. Que se complementam, que
adicionam um sentimento a mais, um gosto, um cheiro que antes não havia.
O que antes era insosso, torna-se néctar. Foi isso o que aconteceu
quando ele chegou: o meu copo cheio foi tomado de tempestade e
transbordou.
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terça-feira, 20 de agosto de 2013
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