Coração acaba ficando meio apagado, pequeno. Não basta irem, têm sempre que levar uns pedaços da gente. Só quem vê indo assim, sem poder fazer nada, sem poder mudar, sem poder segurar na mão, sabe como dói. E não é dor de dias, é de vidas. É como se a gente dissesse: “Toma, pode levar esse pedaço de mim, nem faz diferença”. É por isso que eu peço de vida, alma, corpo e coração: Você que ama, que tem amigo, cuida bem deles, porque uma parte de você vai embora se eles forem também. E isso faz falta, mas não pelo fato de faltar uma parte de você, e sim por faltarem eles. E o passado além de fazer falta, faz doer. E você além de não viver, não sobrevive. É estranho explicar para as pessoas que estar vivo não significa não estar morto. Porque eu ouço vozes, eu vou um pouquinho por dia, eu me perco devagar numa viela escura de Veneza, tentando voltar atrás. Mas o relógio não pára, e eu já me dei por inteiro.
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